A Órfã Perdida

Não foi o primeiro livro que li da autora e por isso fiquei muito alegre quando vi que ela tinha este acabadinho de sair. Comprei assim que vi, ainda em pré-lançamento. Nem sei muito bem por onde começar com este livro. Tem tantas vertentes e tantos temas dos quais podemos falar que se torna difícil de escolher. Vou tentar. Uma das mais pungentes é a tristeza que me assomou imaginado as mães que tinham que deixar os seus filhos em instituições porque não tinham como as criar e é por aqui que a narrativa começa. A pobreza é palpável pelas descrições da autora, a podridão das ruas de Londres, a fome que habitava nas zonas mais pobres da cidade, tudo isto é extremamente bem descrito. Bess, a jovem mãe que deixa a sua filha ao cuidado do Hospital, é uma jovem inteligente, perspicaz e que teve de crescer muito antes do tempo tanto porque perdeu a mãe como pelo facto a vida de vendedora ambulante a obrigar a adaptar-se á vida difícil dos pobres. Alexandra, “a mãe adoptiva”, é uma mulher rica que viveu um evento traumático na sua infância e a moldou para o comportamento obsessivo, controlador e restritivo que tem. Por vezes gostei da personagem mas por outras vezes nem por isso: demonstrava frieza, uma indiferença tão palpável que mexia comigo. Por outro lado, existiram momentos em que conseguia entender de onde ela vinha. A história está muito bem conseguida e a autora optou por uma narrativa entre a perspectiva de Bess e Alexandra. Tiro o chapéu à autora por isso, é assim que sabemos que um livro está bem escrito e as personagens bem construídas: mexem connosco